Os BRICS não são um grupo.
Martin Wolf, Financial Times
É hora de se despedir dos Brics.
Philip Stephens, Financial Times
A falta de unidade é sintoma das incompatibilidades subjacentes dos membros do BRICS.
Joseph Nye, Harvard University
Desde a sua primeira cúpula, em 2009, o BRICS consolidou sua posição como uma força positiva para a democratização das relações internacionais e para o reforço das instituições existentes de governança internacional. Ele também forjou uma parceria impressionante em iniciativas de cooperação em mais de 30 áreas entre os seus membros.
Site da cúpula do BRICS de 2014
Um mês antes da 6ª Cúpula do BRICS, o governo brasileiro finalmente lançou um site oferecendo ampla informação sobre as cúpulas anteriores, declarações de líderes e principais áreas e temas de diálogo entre os países BRICS. Pela primeira vez, os jornalistas conseguem descobrir rapidamente dados sobre a cooperação intra-BRICS, sem horas de investigação. Essa coleção de informações no mesmo site estabelece, de alguma forma, uma narrativa contra o consenso geral global de que o agrupamento BRICS é uma aberração estranha e inútil que está fadada a cair no esquecimento. Independentemente de quem está certo, o site irá contribuir, sem dúvida, para deixar o debate mais informado, principalmente pelo fato de que a cooperação contínua intra-BRICS é praticamente desconhecida fora de um pequeno grupo de especialistas.
Ler as declarações dos líderes desde 2009 fornece uma visão interessante sobre como a cooperação intra-BRICS tem avançado ao longo dos últimos cinco anos – embora, como destacou o Embaixador Graça Lima durante uma recente coletiva de imprensa, a institucionalização do grupo ainda seja baixa.
Enquanto a Copa do Mundo inevitavelmente irá distrair uma ampla multidão das discussões da Cúpula, a atenção mundial no encontro no dia 15 de julho em Fortaleza está assegurada. O BRICS Summit 2014 será um dos mais importantes encontros de líderes globais este ano, reunindo o inimigo no.1 dos EUA, o líder da próxima maior economia mundial, a líder do maior país da América Latina, o líder mais poderoso da África (apesar de estar cada vez mais em apuros) e o homem que supostamente trará a Índia de volta ao eixo, em sua primeira viagem fora da Ásia. O tema que dominará a cúpula é a criação do Banco de Desenvolvimento BRICS. Será, afinal, que a instituição poderá desafiar as instituições já existentes de Bretton Woods, um poderoso símbolo de liderança da ordem global ocidental?
Além disso, a decisão do Brasil de convidar todos os líderes sul-americanos para conhecerem Xi, Modi, Zuma e Putin após a cúpula como parte de uma “extensão” é uma tentativa sagaz para se posicionar como líder e representante da região. Se estruturada da maneira correta, a maratona de cúpulas em meados de julho não só ajudará a fortalecer os laços do Brasil com as principais economias emergentes do mundo, mas também mostrará aos seus vizinhos que Brasília tem um projeto regional que envolve a ligação de todo o continente com o mundo.
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