Na opinião do professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Oliver Stuenkel, a aproximação entre Pequim e Moscou é decorrente do isolamento diplomático russo após a anexação da Crimeia, mas há potencial para divergências geopolíticas na Ásia Central.
O que motiva a aproximação hoje de China e Rússia?
A reaproximação vem acontecendo desde 2014 em resposta à anexação da Crimeia e as sanções contra a Rússia, que acabaram por encerrar a aproximação de Moscou com o Ocidente. A Rússia agora se vê numa situação delicada, com poucas opções, e portanto se aproxima da China de maneira pragmática.
Em que os interesses dos dois países coincidem e em que divergem?
A Rússia precisa de fortes parceiros comerciais e diplomáticos no cenário internacional, e portanto a aproximação é fundamental, principalmente do ponto de vista econômico. A China tem o hábito de resgatar e proteger países economicamente isolados porque isso gera uma dependência.
Historicamente, a relação entre China e Rússia foi marcada pela desconfiança. A aproximação de agora é só de conveniência?
Para a China, é favorável à China ter a Rússia contra a parede, especialmente na comercialização de seu gás natural. Mas há muito potencial para conflitos geopolíticos, especialmente porque a China tem expandido sua influência na Ásia Central, inclusive em repúblicas da antiga União Soviética, consideradas pela Rússia como “seu quintal”.
Xi não mencionou os Estados Unidos, mas afirmou que o clima geopolítico internacional cada vez mais imprevisível torna ainda mais importante a parceria…