Para Oliver Stuenkel, resposta dura da embaixada chinesa explicita mudança na diplomacia do país
14.abr.2020 às 13h05
Patrícia Campos Mello
SÃO PAULO
Falar mal da China tem um custo. Ataques como o do deputado federal Eduardo Bolsonaro e do ministro da Educação, Abraham Weintraub, deixam o Brasil em posição frágil e ajudam o governo chinês a conseguir concessões do Brasil em negociações.
Esse é o alerta de Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da FGV-SP e autor do livro “O Mundo Pós-Ocidental: Potências Emergentes e a Nova Ordem Global”.
O acadêmico avalia que Pequim provavelmente não fará retaliações óbvias contra o Brasil, como deixar de exportar máscaras e ventiladores mecânicos.
Mas a reação diplomática às declarações de Eduardo e Weintraub revelam “que a China não foge mais do confronto, e ela sabe que muitos grupos [no Brasil] dependem da boa relação” com os chineses, como empresários e o agronegócio.
Para Stuenkel, que está escrevendo um livro sobre a competição tecnológica global entre os EUA e a China, a sinofobia não é exclusividade do governo Bolsonaro e veio para ficar.
“Muita gente acha que o bolsonarismo inventou a sinofobia, mas isso é global. Em países da África, falar mal da China faz parte da política doméstica, criticar a China pode te eleger”, explica ele.