João Paulo Charleaux11 de abr de 2020(atualizado 17/04/2020 às 13h44)
Após superar primeira onda de contaminações pelo novo coronavírus, país asiático ganha protagonismo e é disputado como parceiro
Ainda em janeiro, no início da pandemia que varreria o mundo todo deixando mais de 1 milhão de pessoas contaminadas, a China era vista como um foco de problema e preocupação. Passados três meses, o país, comandado por regime autoritário comunista, passou a figurar como modelo para muitas das estratégias empregadas no combate ao coronavírus e também como provedor de insumos médicos indispensáveis.
A mudança de status abriu uma janela inesperada de projeção do poder chinês. O fato de o país estar em recuperação quando as demais potências ainda estavam afundando na crise sanitária, facilitou esse processo. Os chineses passaram a ser disputados como parceiros. Equipes médicas foram enviadas por Pequim a países como Itália e Irã, e é possível que o país ainda venha a desempenhar um papel influente na etapa seguinte, de retomada de atividade da economia mundial.
Essa projeção chinesa não ocorreu, no entanto, sem questionamentos, e nenhum governo do mundo deixou sua contrariedade tão clara quanto o governo brasileiro. Em pelo menos duas ocasiões, pessoas próximas ao presidente Jair Bolsonaro entraram em atrito com representantes do governo chinês pelo Twitter. Pouco antes, o presidente americano, Donald Trump, havia se referido ao coronavírus como um “vírus chinês”, atraindo acusações de xenofobia.
O Nexo entrevistou dois especialistas em relações internacionais que acompanham de perto a política externa chinesa. As entrevistas foram feitas na terça-feira (7), por escrito, com:
Dawisson Belém Lopes, professor de política internacional e comparada da UFMG. Integrou o comitê coordenador do Centro de Estudos da Ásia Oriental, na UFMG, entre 2013 e 2018.
Oliver Stuenkel, Professor de relações internacionais da FGV em São Paulo e autor do livro “O Mundo Pós-Ocidental: Potências Emergentes e a Nova Ordem Global”
Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/04/11/Qual-o-papel-que-a-China-assume-em-meio-%C3%A0-pandemia