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Imagem do País tem desgaste inédito (Estado de São Paulo)

 

Debate Internacional sobre o Brasil é marcado pelo espanto

ANÁLISE: Oliver Stuenkel, O Estado de S.Paulo
25 de maio de 2020 | 04h00

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,imagem-do-pais-tem-desgaste-inedito,70003313340

A atitude negacionista do governo Bolsonaro frente a pandemia e ao número cada vez maior de infectados e mortes no Brasil virou destaque global e consolida a percepção no exterior de um País à deriva, cujo presidente opera em uma realidade paralela.

O debate internacional sobre o Brasil é marcado pelo espanto do porquê um líder democraticamente eleito ativamente incentivaria manifestações pró-governo enquanto viola e critica medidas de distanciamento social adotadas por países ao redor do mundo, a despeito da orientação ideológica dos seus governos.

Da mesma forma, gera perplexidade a razão pela qual ele trocaria seu ministro da Saúde duas vezes por seguirem as recomendações da OMS com relação à pandemia. O desgaste mais recente na imagem do País apenas confirma uma tendência visível desde a eleição de Bolsonaro, em outubro de 2018, e seus embates internacionais recorrentes, entre eles, a má gestão da crise diplomática causada pelos incêndios na Amazônia.

Esses episódios causaram uma erosão inédita do soft power brasileiro, construído por um País que possui um dos corpos diplomáticos mais respeitados do mundo e já servia de modelo em temas como Saúde Pública e teve lideranças globais na área do Meio Ambiente. A política externa de Bolsonaro transformou o Brasil em um pária que nem sequer participa dos principais debates internacionais, seja sobre a pandemia, mudança climática, seja como fortalecer o sistema multilateral.

Trata-se de uma guinada histórica para um país que tradicionalmente se orgulhava do seu papel diplomático altamente respeitado e construtivo, e da sua ausência de inimigos.

SOBRE

Oliver Stuenkel

Oliver Della Costa Stuenkel é analista político, autor, palestrante e professor na Escola de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo. Ele também é pesquisador no Carnegie Endowment em Washington DC e no Instituto de Política Pública Global (GPPi) ​​em Berlim, e colunista do Estadão e da revista Americas Quarterly. Sua pesquisa concentra-se na geopolítica, nas potências emergentes, na política latino-americana e no papel do Brasil no mundo. Ele é o autor de vários livros sobre política internacional, como The BRICS and the Future of Global Order (Lexington) e Post-Western World: How emerging powers are remaking world order (Polity). Ele atualmente escreve um livro sobre a competição tecnológica entre a China e os Estados Unidos.

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