Explosão social no país centro-americano mostra que nenhuma nação na América Latina está imune ao atual cenário macroeconômico altamente adverso
26/07/2022 | 10h00
Junto com Chile, Uruguai e Costa Rica, o Panamá tradicionalmente aparece na lista dos países latino-americanos mais bem-sucedidos e estáveis da região. Foi um tanto surpreendente, portanto, ter sido justamente ele um dos primeiros palcos da onda de protestos que veio a reboque do choque econômico resultante da invasão russa na Ucrânia e das consequentes sanções ocidentais contra Moscou. O caos nas ruas da Cidade do Panamá já dura mais de um mês e representa a pior crise do país desde o fim da ditadura em 1989. Os protestos levaram à paralisação do transporte público e ao fechamento de escolas.
No Panamá, o gatilho para as manifestações em massa foram gravações em que deputados celebram o início do período legislativo da Assembleia Nacional com garrafas de whisky importado, cenas que se tornaram símbolos de uma elite política vista como irresponsável, corrupta e acima da lei. Mas, assim como os protestos no Brasil em 2013 e no Chile em 2019, nos quais o aumento do custo do transporte público deu início às maiores manifestações em décadas, tais eventos costumam ser apenas a última gota que “rompe o dique” e leva cidadãos frustrados às ruas: no caso panamenho, escândalos de corrupção,…