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Bolsonaro aposta em discurso populista clássico para mobilizar convertidos (Estadão)

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‘Guerra cultural’ anima seguidores leais, mas é pouco atraente para eleitores indecisos

07/09/2022 | 18h03

Em seu livro O que é populismo?, Jan-Werner Müller, professor de ciência política da Universidade de Princeton, argumenta que os populistas, no fundo, sempre rejeitam o pluralismo e afirmam ser os representantes exclusivos e morais do “povo” e de seus interesses. O populismo seria, segundo Müller, antes de tudo, uma imaginação moralista da política e uma tentativa de deslegitimar a oposição. Os populistas muitas vezes se referem, como costumava fazer o ex-presidente americano Richard Nixon, a uma “maioria silenciosa”, que, segundo eles afirmam, os apoia. É por isso que, em sua forma mais extrema, como na Venezuela chavista, os populistas não organizam mais eleições livres: o pleito tornou-se desnecessário, pois o líder populista já sabe o que “o povo” realmente quer. Depois de uma eleição perdida em 2002, o primeiro-ministro hungaro Viktor Orbán lançou mão de um bordão populista típico e declarou que “a nação não pode estar na oposição”. No México, o atual presidente Obrador chamou, certa vez, a vitória da direita de “moralmente impossível”.

Os discursos do presidente Bolsonaro em Brasília, após o desfile de 7 de Setembro em comemoração ao Bicentenário da Independência assim como no Rio de Janeiro, se encaixam na mesma lógica. Descrevendo as eleições de outubro como uma “luta do bem contra o mal”, Bolsonaro questiona o elemento-chave que diferencia sistemas democráticos de regimes autoritários: a aceitação de que aqueles que pensam diferente não apenas têm…

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SOBRE

Oliver Stuenkel

Oliver Della Costa Stuenkel é analista político, autor, palestrante e professor na Escola de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo. Ele também é pesquisador no Carnegie Endowment em Washington DC e no Instituto de Política Pública Global (GPPi) ​​em Berlim, e colunista do Estadão e da revista Americas Quarterly. Sua pesquisa concentra-se na geopolítica, nas potências emergentes, na política latino-americana e no papel do Brasil no mundo. Ele é o autor de vários livros sobre política internacional, como The BRICS and the Future of Global Order (Lexington) e Post-Western World: How emerging powers are remaking world order (Polity). Ele atualmente escreve um livro sobre a competição tecnológica entre a China e os Estados Unidos.

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