Hoje, apenas as tendências mais radicais à esquerda e à direita veem em Putin um exemplo a ser emulado
Por Oliver Stuenkel
Mundo afora, a democracia vive sua pior crise em décadas, marcada pela ascensão de lideranças com retórica autoritária, a proliferação de fake news e uma polarização destrutiva. Ao longo dos últimos anos, governos autocráticos, como o da China ou o da Rússia, buscaram aproveitar essa situação para expor o contraste entre sua elite política (por eles considerada mais estável e preparada tecnicamente) e a das democracias liberais (supostamente lenta em seus processos decisórios, menos preparada e imprevisível). A imprensa estatal chinesa também deu amplo destaque às cenas da invasão do Capitólio em Washington, em 6 de janeiro de 2021, aos confrontos cada vez mais acirrados entre esquerda e direita em países democráticos e à resposta inicialmente confusa à pandemia em várias dessas nações. Trata-se de clara tentativa de demonstrar que…
Especialista em risco geopolítico para lideranças empresariais e equipes de multinacionais
Oliver Della Costa Stuenkel é professor de Relações Internacionais na Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo, Senior Fellow no Carnegie Endowment em Washington DC e Visiting Scholar na Harvard Kennedy School. Sua pesquisa concentra-se em geopolítica e ordem global, política externa brasileira, política latino-americana e potências emergentes. É autor de diversos livros sobre geopolítica, incluindo The BRICS and the Future of Global Order e Post-Western World: How Emerging Powers Are Remaking Global Order. É também colunista da revista Foreign Policy e do Estadão.