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Governos mundo afora torcem por uma resposta dura a ataques golpistas para evitar contágio global

Leitura no exterior é de que, sem punições severas, invasores de Brasília poderão inspirar radicais em outros países

Por Oliver Stuenkel

A atenção global sem precedentes aos eventos na capital brasileira no último dia 8 de janeiro se explica, acima de tudo, pelo temor de que os ataques contra o Congresso, o Palácio Planalto e a sede do STF em Brasília sinalizem que está por vir uma onda global de vandalismo contra parlamentos mundo afora.

Os debates nas maiores democracias da América do Norte e da Europa servem como exemplo. Nos EUA, em pleno julgamento dos invasores do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 – que já envolve mais de 900 prisões –, há muita preocupação com a radicalização e novo risco de violência política, simbolizada pela recente invasão da casa da congressista Nancy Pelosi, então presidente da Câmara dos Deputados.

Na Alemanha, desenrola-se amplo debate sobre as crescentes ameaças à democracia. Afinal, faz pouco mais de um mês que 3000 policiais e forças especializadas prenderam, em uma megaoperação em três países diferentes, um grupo de 25 golpistas – incluindo ex-militares – que planejavam derrubar o governo em Berlim.

Especialistas acreditam que, fora dos EUA, encontra-se na Alemanha o maior grupo de seguidores da teoria QAnon, vista como ameaça direta à ordem democrática. Em 2021, o Ministério da Defesa estava investigando quase 1500 casos de suspeita de extremismo nas Forças Armadas alemãs, a vasta maioria da extrema direita. Ao longo dos últimos anos, chegaram a preocupar…

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SOBRE

Oliver Stuenkel

Oliver Della Costa Stuenkel é analista político, autor, palestrante e professor na Escola de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo. Ele também é pesquisador no Carnegie Endowment em Washington DC e no Instituto de Política Pública Global (GPPi) ​​em Berlim, e colunista do Estadão e da revista Americas Quarterly. Sua pesquisa concentra-se na geopolítica, nas potências emergentes, na política latino-americana e no papel do Brasil no mundo. Ele é o autor de vários livros sobre política internacional, como The BRICS and the Future of Global Order (Lexington) e Post-Western World: How emerging powers are remaking world order (Polity). Ele atualmente escreve um livro sobre a competição tecnológica entre a China e os Estados Unidos.

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