Postura pró-Rússia da China e da África do Sul aproxima grupo BRICS de Moscou
https://www.estadao.com.br/internacional/o-dificil-caminho-do-nao-alinhamento-do-brasil/
Com a decisão do Ocidente de fornecer mais de cem tanques à Ucrânia e o debate crescente sobre uma possível tentativa de reconquistar a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, o conflito na Europa entra em uma nova fase. Depois de o governo Biden ter fornecido quase 30 bilhões de dólares de ajuda militar aos ucraianos desde o início do conflito, uma derrota ucraniana seria um desastre político dificilmente aceitável para o presidente americano, que já está se preparando para sua campanha de reeleição. Da mesma forma, uma conquista russa de Kiev – o que parece ser a meta da contraofensiva militar que o Kremlin está preparando – causaria um terremoto político na Europa, onde o premiê alemão Olaf Scholz, depois de muita hesitação, decidiu aprovar o envio de tanques à Ucrânia, país a menos de 700 quilômetros da fronteira alemã. Há pouca dúvida de que avanços decisivos russos aumentariam a probabilidade de o Ocidente fornecer caças à Ucrânia, algo inimaginável no início do conflito.
Do lado russo, também aumentaram muito as apostas: com uma onda nacionalista varrendo o país, Vladimir Putin sabe que uma derrota militar na Ucrânia representaria uma grave ameça política ao ex-espião que comanda a nação de maior extensão georgráfica da terra há mais de duas décadas. Tudo indica que o presidente russo está disposto a fazer o máximo possível – inclusive uma mobilização geral, que implicaria o envio de centenas de milhares de soldados para o front – para vencer o conflito no país vizinho. O Kremlin já admitiu que tomou a decisão pouco usual de recrutar presidiários como mercenários do Grupo Wagner, 40 mil dos quais, segundo estimativas, estão lutando na Ucrânia atualmente.
Com a guerra cada vez mais intensa, tudo leva a crer que o conflito contaminará a geopolítica ainda mais do que no ano passado, tornando-se um dos temas prioritários a ser discutidos nas principais plataformas multilaterais, como o G7, o G20, e o grupo BRICS. Essa é uma notícia ruim para o Brasil, que deve participar de reunião dos três grupos, seja como país-membro (como é o caso do G20 e do BRICS), seja como provável convidado da cúpula do G7 no Japão em maio. Afinal, enquanto…