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Turbulências geopolíticas dão novo sentido ao grupo, que vinha perdendo relevância
Quando Luiz Inácio Lula da Silva foi convidado a participar da cúpula dos líderes do G8 em 2009, o Brasil estava em ascensão, e o G8, em decadência. Os BRICS acabavam de se tornar um agrupamento político, a China estava prestes a virar a segunda maior economia do planeta, e o presidente dos EUA, Barack Obama, havia chamado Lula “o presidente mais popular do mundo”. O G8, por outro lado, parecia perder seu status de central de comando da economia global: sua porcentagem do PIB global havia se reduzido de 65% para 53% em apenas uma década (sem contar com a Rússia, que aderiu ao grupo em 1998, mas foi expulsa depois da anexação da Crimeia em 2014). Além disso, a composição do G8 – incluindo países como a Itália, mas excluindo os emergentes – parecia cada vez mais inadequada. As cúpulas do G-20, plataforma que também inclui os emergentes como China e Índia, pareciam tornar o G8 obsoleto.
Quatorze anos mais tarde, Lula deparou, na cúpula na cidade japonesa de Hiroshima, com uma situação bem diferente. A relevância econômica do G7 caiu mais 9% desde 2009 e já não chega a 45% do PIB global em termos nominais (usando o método de paridade do poder de compra, representa apenas 30% da economia global). No âmbito político, o grupo passou por uma crise profunda quando o presidente americano Donald Trump praticamente paralisou as cúpulas entre 2017 e 2020 – simbolizada pela foto icônica de 2018, quando Angela Merkel e outros líderes instaram, em vão, o presidente americano a assinar a declaração final.
Ao longo dos últimos dois anos, porém, o G7 passou por uma revigoração histórica. Tanto a piora significativa da relação entre o Ocidente e a China quanto a invasão russa à Ucrânia alteraram por completo a dinâmica das conversações. O grupo se tornou a principal plataforma para articular a resposta econômica à agressão militar de Moscou, evidenciada pela decisão do presidente Biden de autorizar o envio de caças F-16 à Ucrânia, medida que tem o potencial de dar aos ucranianos uma vantagem-chave…