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A Índia e o Brasil acertam ao se opor à tentativa chinesa e russa de convidar novos integrantes para o BRICS
No próximo dia 22 de agosto, os líderes do Brasil, da Rússia, da Índia, da China e da África do Sul se reunirão em Joanesburgo para a décima-quinta cúpula do BRICS. Por vários motivos, será o encontro mais importante da história do bloco, que se transformou em um grupo geopolítico em 2009, quando houve a primeira cúpula dos líderes.
Em primeiro lugar, o anfitrião precisa lidar com uma situação diplomática delicada: como signatária do Tribunal Penal Internacional (TPI), a África do Sul tem a obrigação de prender o presidente russo se ele comparecer à cúpula, pois o TPI emitiu, em março, mandado de prisão contra Putin pela deportação ilegal de crianças ucranianas para a Rússia. Ao longo dos últimos meses, o governo sul-africano até considerou, para evitar o constrangimento, transferir a cúpula para a China – que não é signatária do TPI. Afinal, como o ex-presidente sul-africano Thabo Mbeki apontou recentemente: “Não podemos dizer ao presidente Putin, ‘por favor, venha para a África do Sul’ e depois prendê-lo. Ao mesmo tempo, não podemos dizer ‘venha para a África do Sul’ e não o prender – porque estamos violando nossa própria lei – e não podemos nos comportar como um governo sem lei”. Porém, ao que tudo indica, é justamente isso que o governo sul-africano fará, atitude que não apenas representaria um triunfo diplomático para Vladimir Putin, mas também fortaleceria…