Maior tratado comercial da história do Mercosul traria amplas vantagens econômicas e geopolíticas ao Brasil
O governo Lula tem a chance real de obter três conquistas históricas em seu primeiro ano de governo: a reforma tributária, o arcabouço fiscal e a ratificação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Cada uma das três representaria, sozinha, ponto alto de um ano de governo. As três juntas, porém, têm o potencial de produzir, depois de uma década perdida, uma guinada na visão de analistas dentro e fora do país sobre o futuro da economia brasileira. O fato de o governo Lula dar esses três passos em um ambiente altamente polarizado, com numerosas distrações políticas que acabaram desviando atenção pública, tornaria essas conquistas ainda mais notáveis.
Depois dos recentes avanços em relação à reforma tributária, o presidente brasileiro pode, nos próximos dias, dar um passo importante em relação à ratificação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Lula participará, em Bruxelas, da terceira cúpula UE-Celac, ao lado de líderes de ambos os blocos, a União Europeia e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos. A cúpula em si não tem relação com as negociações comerciais do Mercosul, mas espera-se que o presidente brasileiro aproveite sua presença na capital belga para ajudar a superar algumas divergências ocorridas nos últimos meses – sobretudo devido a novas demandas por parte dos europeus –, as quais representam ameaça real ao acordo.
A aliança pode trazer vantagens concretas à economia brasileira, tanto para o agronegócio – muito mais competitivo que o europeu – quanto para a indústria nacional, que passaria a se integrar às cadeias globais de valor ao poder importar componentes…