O caso da Rússia mostra que um país em decadência pode ser mais perigoso do que um em ascensão
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Uma das principais fontes de instabilidade internacional são deslocamentos de poder. Um exemplo clássico disso são nações que se encontram em franca ascensão: confiantes, suas lideranças políticas muitas vezes buscam uma atuação internacional mais assertiva, investem em seu poder militar e acabam desafiando potências já estabelecidas. A ascensão dos EUA há cem anos e a da China ao longo das últimas décadas são exemplos clássicos de como a emergência de uma grande potência pode fragilizar o status quo.
O atual caso da Rússia, porém, mostra que o declínio de um ator relevante também pode representar um risco, criando vácuos de poder em suas fronteiras ou deixando suas lideranças políticas mais agressivas para compensar os fracassos no âmbito doméstico. O atual declínio russo independe do desfecho da invasão russa à Ucrânia ou do destino político do presidente Vladimir Putin. Os problemas da nação de maior extensão do planeta são mais fundamentais e se refletem nos chocantes dados demográficos: por exemplo, um homem russo com 15 anos de idade hoje tem a mesma expectativa de vida de um homem no Haiti, país em estado de anarquia e há décadas o mais pobre das Américas. Trata-se de uma expectativa de vida mais baixa que a do Iêmen e a do Zimbábue, que…