Presidenciável argentino usa velha retórica ‘nós contra eles’ e demonização de outros governos como estratégia para mobilizar seus seguidores
“Não vamos nos alinhar com os comunistas.” Foi assim que Javier Milei, líder nas pesquisas menos de um mês antes das eleições presidenciais argentinas, explicou por que ele, se eleito, rejeitaria o convite ao país para integrar o BRICS. Milei já chamou Lula, presidente do parceiro comercial mais importante da Argentina, de “socialista com vocação totalitária” e diz que a China, o segundo parceiro comercial mais importante, de “governo assassino”. Para completar, descreveu o presidente Biden, mandatário do terceiro maior parceiro comercial da Argentina, como “socialista”, e o chileno Gabriel Boric, líder do quarto parceiro mais importante, de “comunista”.
Milei ataca lideranças internacionais a fim de se cacifar como outsider e suposto “representante do povo”. Ignora, sem medo, as regras da diplomacia, que está, na visão simplista do populismo antissistema, controlada por elites desconectadas da população. Os ataques a Xi Jinping e a Joe Biden, os líderes mais poderosos do planeta, são utilizados, na estratégia do candidato argentino, como…