Ao atacar Israel, Hamas seguiu lógica de grupo terrorista, não raciocínio de governo que busca defender seu território
Qual foi o motivo de o Hamas matar mais de 1400 cidadãos israelenses no último dia 7 de outubro? Tudo indica que o grupo terrorista buscou provocar, em primeiro lugar, uma sangrenta invasão israelense por terra em Gaza. A ideia era que a campanha militar produzisse elevado número de vítimas, sobretudo entre civis palestinos, inflamando assim as relações entre Israel e o mundo árabe. Dessa forma, efetivamente suspenderia ou até reverteria o processo de aproximação histórica entre os dois, que vinha se estabelecendo ao longo dos últimos anos. O principal alvo do ataque muito provavelmente era o acordo de reconhecimento mútuo entre Israel e a Arábia Saudita, prestes a ser anunciado e que teria deixado o Irã, importante financiador do Hamas, isolado no Oriente Médio.
Nesse contexto, os palestinos eram vistos pela liderança do Hamas como meros peões. Afinal, era evidente que seria a população palestina – e o projeto de um Estado palestino – a sofrer as principais consequências negativas do conflito provocado pelo ataque. A lógica do Hamas, portanto, não era muito diferente daquela da Al Qaeda, ao planejar os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, que buscavam provocar uma reação vingativa e irracional dos EUA. Na época, Osama bin Laden obteve uma vitória maior do que jamais poderia…
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