19/11/2023 | 17h00
No ano que vem, pelo menos quarenta países realizarão eleições nacionais, e várias delas – como nos EUA, na Índia, na Indonésia, na África do Sul e provavelmente no Reino Unido – têm o potencial de produzir profundas repercussões na política global. Se também contarmos eleições regionais, em torno de 2 bilhões de pessoas em mais de setenta países irão às urnas, o que tornará 2024 uma verdadeira maratona eleitoral.
Uma parte dessas eleições, no entanto, é pouco mais do que uma tentativa, por parte de governos autoritários, de obter algum verniz de legitimidade democrática, mesmo que todo o mundo saiba que não se trata de pleitos livres. A primeira eleição do ano ocorrerá em 7 de janeiro, quando a primeira-ministra de Bangladesh, Sheik Hasina, tentará se eleger pela quinta vez no país de 170 milhões de habitantes. Se fossem realmente eleições livres, Hasina, que tem claras ambições autoritárias, dificilmente ganharia, mas o governo mantém Khaleda Zia, o líder da oposição, em prisão domiciliar, o que praticamente garante a reeleição da atual mandatária no país asiático.
As eleições presidenciais russas em março serão ainda menos competitivas. O governo condenou Alexei Navalni, líder da oposição, a trinta anos de cadeia e intensificou a perseguição de dissidentes depois da invasão à Ucrânia, garantindo a “reeleição” de Vladimir Putin, que assim se manterá no poder até pelo menos 2030. Da mesma forma, os pleitos organizados em Belarus em fevereiro, no Irã em março e em Ruanda em agosto (onde, aliás, o presidente Kagame costuma ganhar com 99% dos votos) não serão livres. No Paquistão, país de…