No poder há mais de uma década, ditador venezuelano usa “processo eleitoral” para dividir opositores
É explícita a interferência do governo de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais venezuelanas para garantir a “vitória” do governante. A própria escolha da data – 28 de julho, aniversário do ex-presidente Hugo Chávez, morto em 2013 – revela a intenção de transformar o pleito em uma celebração chavista para formalizar a permanência de Maduro no poder até 2030. Tanto Maria Corina Machado, a líder da oposição, quanto Corina Yoris, sua substituta, foram barradas pela Justiça Eleitoral, controlada pelo presidente. Opositores têm sido ameaçados, atacados e presos, inviabilizando um debate público democrático.
A estratégia do governo venezuelano (e de muitos outros governos autoritários que organizam “eleições”) baseia-se no disfarce: apesar de o pleito não ser nem justo nem livre, existe uma chance teórica – na prática, mínima – de uma vitória opositora. Confere-se, dessa forma, um verniz de legitimidade ao próximo mandato presidencial. Daí o termo “eleições” ser inadequado e muitas vezes vir entre aspas.
Não por acaso, vários jornais alemães usaram a palavra Scheinwahl (“eleição simulada”) para descrever o recente pleito na Rússia. A revista alemã Der Spiegel, por exemplo,optou pelo termo Pseudobestätitung (“pseudo-confirmação”), e diversas outras publicações colocaram aspas tanto em vocábulos como “eleições” quanto “resultado” quando o assunto era a recondução de Vladimir…