Apesar da retórica anti-China, Trump é muito menos comprometido com segurança de antigos aliados dos EUA, como Europa, Japão, Coreia do Sul e Taiwan
Uma vitória de Kamala Harris nas eleições presidenciais americanas em 5 de novembro representa, de modo geral, a continuação da atual política externa americana – e, portanto, poucas mudanças tanto para os aliados quanto para os desafetos dos EUA no âmbito internacional. Um triunfo de Donald Trump, por outro lado, traria profundas mudanças geopolíticas, com consequências diretas para governos mundo afora. Lideranças em Moscou, Buenos Aires, Jerusalém, Budapeste, Riade e Pequim celebrariam o retorno do republicano à Casa Branca.
Na Rússia, a vitória de Trump significaria, por motivos óbvios, um alívio. Desde o início da guerra na Ucrânia, o governo de Joe Biden mantém política de forte apoio a Kiev, fornecendo recursos financeiros e militares significativos. Trump, por sua vez, tem criticado abertamente esse apoio, questionando os gastos e minimizando a importância da aliança dos Estados Unidos com a Europa para enfrentar a agressão russa. Uma vez no poder, é provável que ele restrinja o suporte dos EUA à Ucrânia, o que beneficiaria diretamente Vladimir Putin e permitiria à Rússia reverter os atuais desafios militares e recuperar sua influência na região.
Em Buenos Aires, um retorno de Trump provavelmente reduziria a influência de vozes mais moderadas e daria mais peso à ala ideológica do governo Milei. A recente saída da chanceler Diana Mondino e promessas de uma caça às bruxas no Ministério das Relações Exteriores podem ser interpretadas como uma aposta do presidente argentino na vitória de Trump. O governo Bolsonaro pode ser uma referência: com Trump na Casa Branca, sentiu-se à vontade para colocar um representante da ala mais radical de seu governo à frente do Itamaraty, mas o substituiu quando Biden….