O continente será capaz de assumir o protagonismo e se tornar um ator geopolítico autônomo, ou continuará preso à inércia e dependente de um aliado cada vez mais imprevisível?
A Europa se encontra diante de um momento de definição histórica. A decisão de Donald Trump de suspender a ajuda militar à Ucrânia, interromper o compartilhamento de inteligência com Kyiv e buscar um acordo direto com Vladimir Putin, sem consultar seus aliados europeus, deixou claro que os Estados Unidos já não são um parceiro confiável para a segurança do continente. A pergunta que se impõe agora é se a Europa será capaz de assumir o protagonismo e se tornar um ator geopolítico autônomo – ou se continuará presa à inércia, dividida internamente e dependente de um aliado cada vez mais imprevisível.
Há muitas razões para acreditar que o continente pode falhar. A economia europeia está estagnada e tecnologicamente atrasada, sobretudo nas duas áreas decisivas: chips e inteligência artificial. A dificuldade de coordenação política na União Europeia, as dificuldades em harmonizar políticas de defesa entre mais de 25 países, os anos de subfinanciamento das Forças Armadas e a burocracia lenta de Bruxelas são obstáculos significativos. Além disso, a dependência da proteção americana criou uma cultura de complacência, na qual os investimentos em defesa foram sistematicamente adiados em favor de outras prioridades. Para mudar esse cenário, a Europa precisará não apenas gastar mais em defesa, como também integrar seus sistemas militares